20 abril 2012

Formei, mas não sei nada...

Pessoal,

Este texto (abaixo) é bem legal e serve como uma reflexão a respeito de como encaramos nosso período na faculdade. Ele trás a visão de um profissional de TI e naturalmente baseia-se nas experiências vividas pelo autor enquanto estudante de computação mas, creio eu, pode servir para muitas áreas.

Minhas impressões sobre o tema:
  •  Quer ser bom em tudo? Desista. Há muitos anos a velocidade na produção do conhecimento tem aumentado em escala quase geométrica, resultado dos avanços e especialização cada vez maiores das áreas de conhecimento. Lembremos das grandes figuras humanas. Aristóteles foi um filósofo que passeou por áreas como zoologia, ética, música, lógica e física. Blaise Pascal (que viveu muito tempo depois) já foi menos abrangente, mas mesmo assim foi físico, matemático, filósofo e teólogo. No nosso tempo, isso seria possível? É claro que a necessidade de estarmos sempre aprendendo é inerente ao nosso ser profissional e que o aprender nos mantém "vivos" em um cenário de tantas mudanças, mas imaginar que possamos dominar tudo já é presunção.
  • "Estou me formando e não sei nada!". Verdade... ou quase isso. Sócrates já disse: "Só sei que nada sei". Com isso ele quis dizer que era um ignorante? Muito pelo contrário, ele nos mostra a necessidade de perceber e conscientizarmo-nos de que a curiosidade, o questionamento e a busca do conhecimento é o caminho para sermos melhores. E isto se aplica a nossa vida profissional.
  • Mas eu realmente não aproveitei a faculdade como deveria. Engraçado, eu também penso assim. Alguém já disse, que os jovens estão indo muito cedo para a faculdade e eu concordo com isso, em partes. Encarar um curso de graduação exige maturidade para sabermos que este é um momento crucial para nosso futuro e que podemos (e devemos) priorizar a faculdade em detrimento das festas (que sempre haverão, hoje e amanhã).
 E você, o quê pensa sobre isso?

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Esse post é dedicado as pessoas que se formaram ou estão se formando em cursos de graduação na área da computação como: Ciência da Computação, Sistemas de Informação, Analise e Desenvolvimento de Sistemas e afins. Vale ressaltar que as opiniões apresentadas abaixo são exclusivamente minhas. Então leia, pense, reflita e forme suas próprias opiniões sobre o assunto. Se você formou ou está para formar e tem a impressão que não sabe nada, não se sinta tão mal, você não é o único. Mas porque isso ocorre? Vou dar minha opinião. Como sou discente e docente me sinto capacitado para opinar sobre os dois pontos de vista.
Se você tem a impressão de não saber nada, a tendência natural é de logo tentar achar um culpado. Será que é culpa do curso? Será que é culpa da instituição de ensino? Será que é culpa dos professores? Será que é culpa do aluno? Ou será que a culpa é da tia da cantina? Este tema chega até ser engraçado. Lembro-me claramente quando formei (que não faz muito tempo). Nessa ocasião eu fiz a seguinte pergunta pra mim mesmo:
  • Pergunta pra mim mesmo: “Blz, fiquei aqui nesse curso por quatro anos e o que de fato eu sei?”
  • Resposta para mim mesmo: “puts, pqp não sei porra nenhuma…”
É amigo… e o pior que esse não é um sentimento só meu. Meus amigos que formaram comigo também me confessaram o mesmo sentimento, amigos que formaram depois idem, colegas de trabalho idem, meus alunos idem. O interessante é que não importa qual foi o curso nem qual foi a instituição de ensino que o cara estudou. Todos têm o mesmo sentimento. Mas então? Por que isso acontece? Na realidade, na visão que tenho é que academia e mercado não andam alinhados. No mercado a vida não é tão bela quanto na academia e na academia não se vê o que o mercado necessita.
  • Então o curso é responsável. Na graduação você um monte de matéria que basicamente então inseridas em um monte de disciplinas isoladamente, que dificilmente irá passar uma visão integrada de tudo.  Existe um monte de disciplinas retardadas no meio. Na minha graduação, por exemplo, quase metade das disciplinas poderiam ser jogadas fora. Existem cursos que as disciplinas não são bem sequenciadas, a ementa não é bem elaborada, as referências bibliográficas são ruins e por aí vai.
  • Então a instituição de ensino é responsável. Pelos profissionais que contrata. Pela política que adota. Pela estrutura deficitária.
  • Então os professores são responsáveis. Quem já não teve um professor morcegão? Quem já não teve um professor que não dominava o conteúdo? Quem já não teve um professor que não tinha didática para ensinar? Quem já não teve um professor que não cumpria o plano de ensino? Quem já não teve um professor mala sem alça?
  • Então o alunos são responsáveis. Quando mata aula. Quando copia trabalhos. Quando não é curioso para saber mais do que é visto em sala. Quando fica com o NoteBook ligado no msn no meio da aula. Quando em fez de fazer para aprender fica reclamando de tudo. Quando é displicente. Quando acha que nada é importante.
  • E a tia da cantina? Coitada, essa não tem culpa de nada…
Mas isso não quer dizer que tudo é uma enganação.  Existem cursos, instituições, professores e alunos excelentes. Eu em especial tenho que agradecer o pouco que sei a grandes professores que tive pelo caminho. Principalmente aqueles que tinham a fama de carrascos, tiranos, que não dava mole para aluno, que quase todo mundo era reprovado. Esses são os caras que eu mais agradeço hoje, na época eu tinha vontade de matá-los, mas hoje se sei alguma coisa, devo muito a pressão que sofri desses professores e hoje agradeço por isso. Também tem que parar para pensar sobre uma coisa. Tudo bem, se eu tenho a impressão que não sei nada, então o que eu deveria saber para me sentir mais confiante?  Então lá vai: Java, C++, Flex, .net, PHP, Ruby on Rails, Delphi, HTML,CSS, JavaScript,ASP, Ajax, SQL, Oracle, MS-SQL Server, MySQL, CMMI, MPS-BR, RUP, XP, Scrum, PMI, Bpel, BPM, UML, POO, teste, Frameworks, Padrões de Projetos, Análise de Sistemas, Arquitetura de Sistemas, PO e por aí vai, com certeza esqueci um monte de coisa, como coisas  que nem eu mesmo sei que eu deveria saber. É muita coisa. E o pior não é isso. O pior é quando você está dominando uma tecnologia, logo vem outra melhor para substituí-la e você já tem que aprender tudo de novo. Se você tem a impressão de não saber nada não quer necessariamente que você não sabe nada. Isso quer dizer que você tem muito o que aprender, mas pelo menos sabe que tem que aprender. Isso é um indício que você não é um acomodado. E os acomodados irão queimar no mármore do inferno. Não obstante, as pessoas têm o costume de achar que as coisas que elas sabem são fáceis, mas elas esquecem o quanto foi difícil aprender, ou seja, depois que você sabe, tudo se torna fácil! Agora um ponto é verdade. Na graduação você aprenderá a programar, e, programar é uma coisa, desenvolver aplicações é outra totalmente diferente. Quando o sujeito sai da escola sabendo programar e descobre que no mercado ele terá que desenvolver aplicações, então volta novamente a impressão de não saber nada. Conclusão, quem irá sobreviver? Irá sobreviver apenas aqueles que têm uma boa base teórica e é curioso por natureza. Caso contrário, será sempre um medíocre com ou sem escola.

Fonte: http://edgarddavidson.com/?p=21

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Flw

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